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História da Revista da Força Aérea
«Ao Serviço da Aviação Portuguesa»

Boletim «Brado –Ecos de Montejunto» a «Brado – Asas de Portugal»

O periódico Mais Alto terá tido a sua origem num boletim paroquial intitulado «Brado –Ecos de Montejunto», um projeto desenvolvido pelo Padre Antero de Sousa, Capelão da Base Aérea da Ota. O primeiro número surgiu no final de 1949, quando a Força Aérea ainda não tinha nascido. Pouco a pouco, o Brado começou a divulgar notícias da unidade onde estava sediado, bem como da Causa do Ar, tornando-se um veículo da orientação e assistência religiosa dos aeronautas militares daquela unidade do concelho de Alenquer. Já na era na Força Aérea, mais precisamente em maio de 1955, o fundador do Brado foi colocado na Granja do Marquês, transferindo a sede do «seu» periódico para Base Aérea N.º 1, o que perspetivava o alargamento do raio de ação da publicação a todo o Ramo. E de facto, tal viria a acontecer, já que no início de 1958 o Brado anunciava a mudança do título para «Brado – Asas de Portugal», após o Subsecretário de Estado da Aeronáutica (SubSEA), Tenente-Coronel Kaúlza de Arriaga, ter reunido com o Padre Antero de Sousa para que a sua publicação passasse a ser o órgão oficial de divulgação do SubSEA, que já financiava o periódico desde meados de 1957. O primeiro número da nova era, com uma tiragem de 9.000 exemplares, saiu em fevereiro de 1958 (edição 49), pelo preço de 1$00. O Brado continuou ininterruptamente a sua missão ao serviço do Subsecretariado de Estado da Aeronáutica até ao início de 1959, tornando-se em março desse ano no Jornal Paroquial da Freguesia do Campo Grande, em Lisboa. O seu Diretor, Monsenhor Antero de Sousa, tinha deixado a situação de militar devido aos imperativos estatutários, levando a sua obra consigo.

 

Jornal "Mais Alto"

O Brado deixou o seu legado «aeronáutico» ao novo jornal Mais Alto, nascido por ação de Kaúlza de Arriaga, sendo, no entanto, a direção e a propriedade de Miguel Trigueiros e a edição de Carlos Cascais (ambos civis ligados ao Serviço de Divulgação da Força Aérea e a alguns jornais e revistas de índole nacional), ainda que sujeitos ao cunho ideológico do órgão que tutelava a Força Aérea Portuguesa. De referir que, era esta última instituição que patrocinava o Mais Alto.

Segundo o Tenente-Coronel Viana Pinto, autor de uma dissertação de Mestrado sobre o jornal Mais Alto submetida em outubro de 2012 ao Departamento de Antropologia do ISCTE/IUL, a primeira edição, referente a abril de 1959, só terá saído para as bancas no início de maio. O preço de capa desta nova publicação era de 2$00, encontrando-se a Redação e a Administração sediadas na Avenida da Liberdade n.º 252, nas instalações do Subsecretariado de Estado da Aeronáutica.

Em dezembro de 1960, a Força Aérea inscreveu nos seus anais mais um pedaço da sua já rica história: o jornal Mais Alto passaria, na edição número 20, a ser propriedade do SubSEA, sendo o primeiro diretor desta nova etapa o Brigadeiro Francisco Chagas, futuro Secretário de Estado da Aeronáutica (4 de dezembro de 1 962 a 3 de maio de 1967). A partir dessa data, os diretores seriam escolhidos entre os oficiais generais do Ramo, continuando a edição a ser da responsabilidade de Carlos Cascais até março de 1974 (edição número 179).


Com o Golpe de Estado de 25 de abril de 1974, e face à conotação do jornal com o Estado Novo, a publicação do Mais Alto cessaria em março desse ano. Mas o órgão de divulgação da Causa Do Ar em Portugal teve um grande impacto nos seus habituais leitores, levando muitos deles a expetar a sua reativação.

 

Revista da Força Aérea
capa edição 461

Cerca de quatro anos depois da sua paragem, quando a esperança já esmorecia, surgiu um nome que pela sua obra marcou indelevelmente a Força Aérea Portuguesa, o General José Lemos Ferreira. Esta carismática personalidade demonstrou uma vez mais a sua excecional visão, fazendo renascer o órgão de comunicação da causa aeronáutica. Assim, em janeiro de 1978 o nome «Mais Alto» voltava a ser ouvido; não como jornal, mas sim como «Revista da Força Aérea», com a Redação e a Administração já sediadas no novo complexo da Força Aérea em Alfragide. E a Mais Alto foi crescendo e ganhou o seu espaço, granjeando «de forma natural o apreço crescente de todos os seus leitores», como vaticinou o General Lemos Ferreira num pequeno texto publicado na nova edição que intitulou «Linha de Subida».

De 1978 até à atualidade

Hoje, a Revista Mais Alto da Força Aérea Portuguesa continua a sua nobre missão de divulgação de assuntos de interesse aeronáutico para o Ramo, de acordo com as orientações do Comandante da Força Aérea que expressam a filosofia e a doutrina da Instituição, ombreando em qualidade com as suas congéneres. De 1978 até à atualidade, os responsáveis pela Mais Alto têm sabido adaptar a publicação aos novos desígnios que invariavelmente surgem ao longo do tempo, verificando-se a mais recente mudança na edição 440 de jul/ago de 2019, com a apresentação de um novo grafismo e de uma nova estrutura.

«Na Força Aérea nada é fácil para quem quer que seja.

Mas também nada é tão difícil que não possa ser feito.»

General Lemos Ferreira