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Rumo ao Espaço

Edição: 473 | Texto por: Brigadeiro-General Piloto Aviador João Vicente

O espaço evoluiu de um domínio científico para um domínio estratégico fundamental, crucial para a sociedade e para a defesa nacional. Portugal reconheceu esta importância ao formalizar a "Estratégia da Defesa Nacional para o Espaço 2020-2030", que o define como um domínio separado da defesa nacional, a par da terra, mar, ar e ciberespaço. Neste contexto, a Força Aérea é considerada a entidade mais apta para responder à crescente militarização do espaço exterior, numa evolução natural e estratégica do seu poder aeroespacial. Esta transformação é impulsionada pela estratégia "Força Aérea 5.3: Transformação do Poder Aeroespacial Nacional 2024-2030", que visa maximizar as capacidades operacionais da FAP no domínio aeroespacial. Um marco fundamental nesta capacitação é a inauguração, a 24 de setembro de 2024, do Centro de Operações Espaciais no Comando Aéreo, cuja missão é a vigilância, o conhecimento situacional espacial e o apoio às missões da Força Aérea.

O "Plano de Voo Rumo ao Espaço" da FAP assenta em dimensões catalisadoras: Pessoas, Processos e Tecnologia. No pilar das Pessoas, a FAP investe intensivamente na formação e capacitação dos seus militares, incluindo uma Pós-Graduação em "Espaço na Defesa e Segurança Nacional" no Centro de Estudos Aeroespaciais da Academia da Força Aérea, e a participação em exercícios militares espaciais internacionais, como o AsterX em França e o Global Sentinel nos EUA. Relativamente aos Processos e Tecnologia, a Força Aérea fomenta um ecossistema espacial através de parcerias estratégicas com empresas nacionais como Neuraspace, Deimos, Geosat, Omnidea e CEiiA, visando o acesso e o desenvolvimento de tecnologias e dados espaciais avançados. Destaca-se a liderança da FAP no Work Package 10 (WP10) da Agenda Mobilizadora "New Space Portugal", um projeto focado no desenvolvimento e operação de uma constelação de satélites Synthetic Aperture Radar (SAR), o que permitirá a observação terrestre em quaisquer condições meteorológicas, dia e noite. Além disso, a instalação de um telescópio ótico avançado na Base Aérea N.º 11 em Beja, em parceria com a Neuraspace, reforça significativamente a capacidade nacional de consciência situacional espacial. Este roteiro estratégico visa a integração plena da capacidade militar no domínio do Espaço até 2034, assegurando a soberania, defesa e segurança nacional num ambiente espacial crescentemente congestionado, disputado e competitivo.

Tal como um navegador que estende o seu mapa para incluir os céus estrelados, a Força Aérea Portuguesa está a expandir o seu domínio, transformando-se para garantir que Portugal continue a navegar com segurança nas novas fronteiras do espaço.

 

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