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PoSAT-1

Edição: 473 | Texto por: Coronel ENGEL Pedro Costa

O PoSAT-1, lançado a 26 de setembro de 1993, a bordo da nave Ariane 4, representou o primeiro satélite de Portugal e um marco que colocou o país no restrito grupo das primeiras 20 nações com capacidade satélite própria. Com 50 kg e uma órbita a cerca de 800 km de altitude, este microssatélite tinha como objetivo central o desenvolvimento do tecido humano e empresarial nacional, fomentando o avanço tecnológico e científico. O PoSAT-1 possuía valências de aplicação dual, civil e militar, tendo providenciado comunicações de dados e voz às Forças Armadas Portuguesas em missões de paz em locais como Angola e Bósnia-Herzegovina, além de permitir fotografar áreas de interesse estratégico. Este satélite experimental constituiu-se como um elemento de soberania nacional num ambiente espacial já então congestionado e competitivo.

A Força Aérea Portuguesa esteve ligada ao Programa PoSAT desde a sua génese, através das Oficinas Gerais de Material Aeronáutico, que desempenharam um papel no fabrico e na operação do satélite.

Embora o PoSAT-1 tenha deixado de ter valor operacional em 2005 e cessado comunicações em 2008, continua a ser uma responsabilidade nacional. Atualmente, o Centro de Operações Espaciais da Força Aérea, inaugurado em setembro de 2024, monitoriza ativamente o PoSAT-1, fazendo uso de dados provenientes da parceria com a empresa portuguesa Neuraspace (que instalou o telescópio ótico mais avançado de Portugal em Beja) e do Space Track da USSPACECOM. Esta monitorização contínua, mesmo sem capacidade de manobra do satélite, enquadra-se na estratégia da FAP de "Transformação do Poder Aeroespacial Nacional 2024-2030", demonstrando a sua ambição de expandir as suas competências do domínio aéreo para o espacial e contribuir para a segurança e sustentabilidade no espaço exterior.

Como uma velha âncora é constantemente monitorizada para garantir que não se torne um obstáculo, o PoSAT-1, continua a ser um símbolo da presença e da responsabilidade de Portugal no domínio espacial, ativamente vigiado pela Força Aérea.
 
 
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